Daughter of Chaos, o primeiro romance da autora A.S. Webb, chegou ao mercado no início deste ano com a promessa de reinventar os mitos gregos através de uma protagonista forte e uma narrativa recheada de drama, magia e crítica social. Mas será que cumpre o que promete?

Uma fantasia mitológica com coragem temática
Ambientado numa versão fantástica da Grécia Antiga, o livro acompanha Danae, uma jovem marcada por tragédias desde o nascimento, que acaba por descobrir a sua ligação aos deuses do Olimpo. Webb reinterpreta figuras mitológicas como Zeus, Perséfone e Hades com um olhar contemporâneo — e sem medo de expor os abusos de poder, a misoginia e os ciclos de violência presentes nos mitos originais.
O que mais impressiona é a ousadia da autora em abordar temas como violência sexual, suicídio, perda infantil e opressão patriarcal. São assuntos delicados, e a sua presença divide opiniões: há quem veja profundidade e coragem, há quem critique o tom gráfico de certas passagens.
Narrativa densa, mas com momentos de lirismo
Webb escreve com uma mistura de crueza e poesia. A linguagem é evocativa, por vezes brutal, mas sempre emocionalmente carregada. Danae não é uma heroína tradicional — muitas vezes não controla o seu destino, mas luta por sobreviver e encontrar significado num mundo governado por deuses indiferentes.
A estrutura do livro alterna entre capítulos intensos e momentos de contemplação, o que pode tornar a leitura desafiante, mas também rica. Os fãs de fantasia literária e emocionalmente complexa vão encontrar aqui muito para refletir.
Conteúdo sensível e polêmicas
O livro tem sido alvo de debate, especialmente nas redes sociais. Críticos apontam a forma como certos traumas são representados como potencialmente exploratória. Outros elogiam a honestidade com que a autora expõe a dor das mulheres esquecidas dos mitos.
Por isso, um aviso é importante: esta não é uma leitura leve. Leitores sensíveis devem estar preparados para cenas gráficas e temáticas pesadas.
Vale a pena ler?
Sim – com reservas. Daughter of Chaos é uma fantasia inteligente, corajosa e provocadora, mas não para todos. Quem procura algo mais leve ou escapista pode sentir-se desconfortável. Já quem aprecia fantasia com profundidade emocional e crítica social vai encontrar aqui uma leitura memorável.